Pedra de Metal

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ENTREVISTA - Gates Of Hell


Detentores de um estilo fortíssimo classicável entre o Death, o Thrash e o Groove, os portuenses Gates Of Hell são cada vez mais um nome sonante do panorama nacional, especialmente na região Norte, onde normalmente operam mais. Depois de um PEDRAGULHO ao EP "Shadows of the Dark Ages" e um LIVE REPORT a um concerto que a banda deu recentemente no Hard Club, o Pedra de Metal foi falar com o guitarrista Filipe Afonso para perceber melhor quem são os Gates Of Hell, e o que os fãs podem esperar da banda nos próximos tempos.

PdM – Os membros dos Gates of Hell são todos do Porto? São naturais ou mudaram-se para lá?

Filipe - Somos todos naturais do Porto e arredores. Apesar de não morarmos no centro da cidade, estamos perto uns dos outros, o que facilita bastante os ensaios e concertos.

O facto de morarmos no Grande Porto proporcionou o nosso encontro e assim a elaboração deste projecto. Inicialmente, a banda foi construída por um grupo de amigos, eu, Filipe, o Pedro, meu irmão, o Afonso, os quais se mantêm até à data, entre outros.

Mais tarde, entra o Zé, vocalista, tendo sido a partir desse momento que nos tornamos mais sólidos como grupo e banda. No final do ano passado deu entrada na banda o actual baixista, o João.

PdM – Como é que os Gates of Hell se descrevem enquanto banda, e como é que caracterizam a vossa sonoridade?

Filipe - Modéstia à parte, somos bem-dispostos e simpáticos! (risos...). Acima de tudo, somos um grupo unido, gostamos de trabalhar juntos e temos objectivos comuns. Contudo, temos os nossos desentendimentos e discordâncias, que na nossa opinião, são importantes para o processo de crescimento e evolução da banda, fortalecendo também a nossa união.

Consideramo-nos uma banda sociável, temos uma boa relação com as restantes bandas do meio, pois, para além de gostarmos de actuar em palco, também prezamos muito pelo convívio que se gera em torno dos eventos. Até à data, já travamos boas amizades e conhecemos um vasto número de pessoas pelo país fora.



Quanto à sonoridade da banda, ainda é difícil de definir, pois não nos queremos comprometer com apenas um estilo específico. O facto de aliarmos na nossa música vários estilos, conseguimos alargar o nosso público-alvo. Contudo, com o passar dos anos as influências vão ganhando forma e começamos por modificar a nossa maneira de tocar e de expor as nossas ideias na música.

Quando elaboramos a DEMO, a banda estava ainda numa fase embrionária e nessa altura apresentamos uma sonoridade mais ligada ao “thrash”, mas à medida que fomos compondo novos temas sentimos a necessidade de evoluir o nosso som para um nível superior, com outro tipo de “riffs” e ideias, o que modificou notoriamente a sonoridade, ligando-nos mais ao género “death metal”. A junção dos dois estilos dá-nos alguma liberdade no momento de compôr as músicas, o que na nossa opinião, é bastante positivo, pois agrada-nos fazer e ouvir temas com um “toque” diferente.

PdM – Pensam que o vosso som já está definido ou será que ainda está num processo de evolução inicial?

Filipe - Consideramo-nos um pouco ambiciosos no que respeita ao melhoramento da banda, querendo sempre mais e melhor. Por isso tentamos fazer uma introspecção da nossa caminhada até então, de forma a aprender e crescer com todos os bons e maus momentos e assim conseguirmos melhorar o nosso desempenho.



Assim sendo, gostamos de pensar que ainda não chegamos ao som que realmente desejamos, até porque é isso que nos dá motivação e vontade de ir mais além.
De qualquer forma, como já tocamos juntos à algum tempo, temos uma linha de guia comum que agrada a todos os elementos, mas é normal que a banda procure algo diferente na elaboração dos trabalhos que se seguem para não criar repetição. Por exemplo, as músicas que elaboramos após a apresentação do nosso primeiro EP, “Shadows of the Dark Ages”, e depois das várias experiências pelos palcos de todo o país, estão mais maduras, completas e com uma construção musical mais complexa.

PdM – Já tocaram dentro e fora do Porto com bandas de variados géneros. Quais acham que são os vossos “peers” (iguais, pares) no Porto e em Portugal?

Filipe - É verdade que temos actuado um pouco por todo o país com bandas bastante distintas, relativamente a género e estilo. Mas consideramos isso como óptimas experiências, pois vamos descobrindo bandas com as quais nos identificamos e que se tornam influentes para o nosso trabalho. Podemos nomear, por exemplo, Echidna, Pitch Black, Switchtense, e Damnull, entre outros, principalmente como as nossas influências nacionais e não como nossos “peers”, pois temos a noção que ainda temos muito a aprender.

PdM – Contavam anteriormente com uma demo e um rehersal, mas agora levam na mala a EP “Shadows of the Dark Ages” para onde vão. De que maneiras é possível adquirir esta EP?

Filipe - No início do projecto, gravamos um ensaio com temas originais do momento, para mostrarmos o nosso trabalho e promovermos a banda. Esse ensaio foi captado nos SVStudios, pelo Paulo Lopes.

Mais tarde, depois de alguma experiência em palco e melhorias nas nossas músicas, sentimos a necessidade de ter algo mais profissional e foi nessa altura que resolvemos regressar ao mesmo estúdio e saímos de lá com a EP “Shadows of the Dark Ages”. Foi uma experiência bastante agradável e enriquecedora e o produto final foi de encontro com as nossas expectativas.

Neste momento, um dos nossos objectivos é a gravação de um LP, para o qual já estamos a trabalhar, compondo músicas que definem bem a banda que somos actualmente.
A nossa EP pode ser encontrada nomeadamente através da internet, em sites como “iTunes”, “MySpace”, “Facebook” e pelo nosso email (gatesofhellband666@gmail.com). Nos nossos concertos também temos disponíveis EP's para venda, assim como t-shirts oficiais da banda.



PdM – E será que já há novo material? Se sim, é algo que faça parte do vosso setlist actual?

Filipe - Sim, de facto já temos alguns temas novos que, ultimamente, estão incluídos nos nossos concertos. Para além desses temas, temos também novas ideias e música que ainda estão a ser trabalhadas.

Como a opinião do público é importante para nós, preferimos dar a conhecer as nossas novas músicas ao vivo, antes de passarmos à gravação das mesmas. Desta forma, obtemos uma prévia reacção do público às novas músicas, podendo posteriormente aperfeiçoá-las. Até ao momento a adesão e críticas têm sido positivas, no geral.

PdM – Qual vai ser o próximo passo dos Gates of Hell? Há um novo lançamento no horizonte ou outras novidades semelhantes?

Filipe - Como já referimos anteriormente, estamos, neste momento, a trabalhar na composição de vários temas, para que, posteriormente, façam parte do nosso trabalho de longa duração.

Para quem não sabe, a história da nossa EP vai de encontro com uma lenda dos Maias que descreve o fim do mundo no ano 2012. Sendo assim, acreditamos que tem toda a lógica que esse ano seja o escolhido para a gravação do nosso próximo trabalho.



PdM – Como descreveriam o Underground do Porto e do Norte face há dez anos atrás? Há condições para as bandas locais?

Filipe - O Underground português teve uma grande evolução nos últimos dez anos.
Actualmente, as ferramentas para promover qualquer projecto, tanto a nível musical como empresarial, são imensas. Por exemplo, as redes sociais, como “Myspace”, “Facebook” e afins, vieram trazer novos ares à música e arte em geral. Surgiram os “blogs”, “sites” e “webzines”, entre outros, que possibilitam a autopromoção de grupos, bandas musicais, eventos, etc.

No que respeita à música, na nossa opinião foi fundamental a união nos últimos tempos do Underground a estas tecnologias, pois tornou-se extremamente acessível promover um trabalho musical ou um evento através deste tipo de meios.



Quanto às condições para as bandas na zona Norte, julgamos que deveria haver um maior incentivo por parte das Câmaras Municipais ou Juntas de Freguesia, pois se não houver perseverança e persistência da nossa parte, não conseguimos desenvolver o nosso trabalho e muito menos promovê-lo. Por exemplo, neste momento os nossos ensaios decorrem numa pequena sala alugada por nós e outra banda de amigos, no antigo Centro Comercial STOP, localizado no Porto. Como é um espaço que não está insonorizado, os responsáveis do Estado preferem encerrar o espaço a melhorar as suas condições. Contudo, com persuasão e persistência da associação de músicos do “STOP”, foi possível manter o espaço aberto com a condicionante de que seriamos “nós” que resolveríamos os problemas de insonorização.

PdM – É possível ver-vos ao vivo um pouco por todo o país e já marcaram presença no Side B em Benavente mas não é comum virem regularmente à capital e arredores (nomeadamente à Margem Sul do Tejo). É um problema de custos ou falta de oportunidades?

Filipe - De facto as deslocações ao Sul do país são menos frequentes do que as que gostaríamos. Naturalmente que a questão de custos é sempre um factor tido em consideração, até porque, hoje em dia, as deslocações no nosso país não são propriamente baratas.

De qualquer forma, apesar de os convites para actuar no Sul do país surgirem em menor número, admitimos que a maioria das vezes ponderamos essas propostas por questões financeiras. Contudo, isso não implica que uma vez por outra aceitemos actuar nessa zona do país, pois é uma mais-valia para a nossa banda, visto o nosso trabalho estar menos divulgado na zona Sul e porque para nós é sempre um enorme prazer actuar em qualquer cantinho de Portugal.



PdM – Entre trabalho e/ ou estudos, outros projectos musicais e vida social, como arranjam tempo para manter os Gates of Hell activos?
Quando fazemos por gosto, há sempre tempo. É natural que nem sempre seja fácil conciliar os nossos horários mas com esforço e dedicação conseguimo-nos juntar todas as semanas para ensaiar.


Filipe - Também gostamos muito de conviver, por isso os ensaios e concertos são os momentos em que aproveitamos para estar juntos e partilharmos experiências.
Levamos muito a sério este projecto musical que criamos e mesmo com outras actividades, projectos e afazeres pessoais, temos sempre presente os objectivos da banda.

PdM – Que recomendações fariam aos fãs que quiserem acompanhar a banda de perto e ajudá-la a crescer?

Filipe - Somos uma banda que gosta de conviver com o público e de estar em palco e é essa a energia que queremos transmitir nos nossos concertos. O melhor apoio que nos podem dar é estarem presentes nos eventos em que participamos e se possível contribuírem para um bom espectáculo. É esse o nosso espírito nos concertos, divertir quem está a assistir, de forma a também nos divertirmos.
O acompanhamento da nossa banda pode ser feito através do “Facebook” e “Myspace”, onde podem encontrar novidades, vídeos, cartazes, reviews, concertos, fotografias, etc.



PdM – Já foram contactados ou têm perspectivas de vir a ter alguma relação profissional com uma chancela?

Filipe - Já fomos contactados por várias editoras, mas ainda não decidimos aceitar um compromisso com nenhuma delas.

De qualquer forma, nesta fase não é nosso objectivo principal celebrar um contrato com uma editora. O que queremos fazer, antes de mais, é criar um trabalho que nos deixe satisfeitos por completo, e caso nessa altura alguma editora gostar do nosso desempenho, temos todo gosto em negociar.



PdM – Muito obrigado por nos darem esta entrevista e colaborarem com o Pedra de Metal, boa sorte com a promoção da EP e os concertos que forem aparecendo.

Filipe - Obrigado, nós, pela entrevista. Foi um prazer fazer parte do vosso projecto.

Um grande abraço para ti e para os restantes colaboradores, votos de muito sucesso para o Pedra de Metal e parabéns por apoiarem o metal nacional, pois são projectos como os vossos que nos ajudam a ser alguém. Até breve...

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