O que tem em comum os Dove, DUM e Head:Stoned? O seu baterista Augusto Peixoto. Para além da bateria Augusto tem uma paixão pelo design e pela natureza, na forma de Irondoom.
O Pedra de Metal falou com ele, uma conversa aberta, com alguém que já tem uns anos de metal no corpo.
- Head:Stoned, DUM, Dove, Irondoom Design, conta lá com tantos projectos como tens tempo para ti e para a tua família?
- Augusto:Pois, o problema é saber conciliar tudo isso e, definitivamente, após o nascimento da minha filha que o tempo ficou bem mais curto.
Em termos de ocupação os HEAD:STONED são os que consomem mais tempo, pois são a banda com quem tenho que fazer ensaios e dar concertos.
D U M e DOVE como são projectos de estúdio não há assim tanto para fazer, pois a minha parte está toda gravada, se bem que DOVE vão tornar-se activos, logo o pouco tempo que tenho, vou ter que saber equilibra-lo.
Quanto ao meu trabalho de Design, com o IrondoomDesign, é algo que, infelizmente, ocupa menos tempo, pois como deves imaginar, as bandas evitam pagar para ter um Designer a fazer-lhes o Artwork, logo são poucos os trabalhos que vou tendo neste departamento.
- A paixão pelo desenho/design é antiga? Qual a tua maior influencia nos teus desenhos?
-A: Sim, estou ligado à arte desde muito novo, estudei Arte na escola e sou Gráfico desde 1990, antes de começar a trabalhar com computadores.
Neste departamento, comecei a desenvolver a minha técnica de Artista Digital mais ou menos em 2001 e, que mantenho até hoje, como Fotomanipulador.
Em termos de artistas, decididamente, Travis Smith | Gyula Havancsák | Dave McKean | Misha Gordin | Jerry Uelsmann, com a natureza a tornar-se a minha maior influencia, notando-se perfeitamente no meu trabalho.
- Sei que um livro já foi publicado, como surgiu essa oportunidade?
-A: Já tenho dois Livros editados e, um terceiro vem a caminho, se bem que os moldes, para este novo trabalho, serão diferentes do que tradicionalmente é standerizado para um Livro.
A oportunidade surgiu porque decidi apostar eu mesmo nos meus trabalhos, sempre acreditei no meu potencial e, sabia que editar um Livro eternizava a minha Arte.
O apoio das pessoas que apreciam as minhas obras, foi primordial e, esse suporte notou-se principalmente no primeiro Livro, esgotando as cópias num ápice.
- Já te encontras a preparar o segundo livro, será dentro do estillo do primeiro, ou teremos um Augusto contador de histórias?
-A: Será o terceiro Livro, como referi.
O primeiro foi sobre as minhas obras mais significativas e que maior impacto tiveram em sites de Arte, quer nacionais, quer internacionais.
O segundo foi editado com a maior parte das capas que idealizei para as bandas.
O terceiro, estará novamente ligado às bandas com que trabalhei. Em alguns casos, até bandas que contactaram-me e, que depois, a parceria não avançou.
Será um apanhado dos testes e propostas que apresentei ás bandas para o artwork dos seus trabalho.
Algumas desses trabalhos, considero superiores às capas que tiveram edição.
- Várias bandas utilizaram artwork efectuado por ti. O que é mais difícil, a banda expressar o que pretende ou tu mostrares a tua visão do que é pedido?
-A: Muito sinceramente, as bandas expressarem o que pretendem.
Mais difícil ainda, é quando não sabem o que querem e, depois de eu idealizar as primeiras ideias, são bastantes complicados na abordagem.
A maioria, felizmente sabe o que quer e, quando estão indecisos, são bastante receptivos ao que lhes vou apresentando.
- Falando de musica, os Dove pelo que tenho acompanhado irão regressar ao activo. Como é recuperar uma banda que parou em 95 salvo erro?
-A: Sim, fez este ano 20 anos desde que resolvi terminar a banda.
A vida é interessante em vários aspectos e, por vezes, consegue-nos surpreender.
Nunca pensei que passados todos estes anos, algum dia voltaria a tornar os DOVE activos.
Mesmo, quando durante vários anos o disse que não o voltaria a fazer mas, a edição da compilação “Memoriam Antiquam” com as quatro demos compiladas em CD, criou as bases para ultimamente ter decidido reagrupar a banda.
Aliado a essa compilação, foi o facto do álbum que estamos a gravar, que seria exclusivamente um projecto de estúdio, estar a funcionar tão bem e, também, porque o Pedro Gouveia (vocalista das 3 primeiras demos) e o Henrique Loureiro que já havia trabalhado comigo em CYCLES e, mais recentemente no outro projecto de estúdio chamada D U M, terem feito um pressing para que a banda fosse reactivada.
A força de vontade e entusiasmo que demonstraram, conseguiram contagiar-me e, resolvemos que era a hora para a banda voltar a tornar-se activa.
Agora, se este retorno terá consequências, só o tempo e a receptividade ao álbum é que responderão.
Pelo menos, estamos a fazer o nosso papel e, acreditamos ter um trabalho muito acima da média, em mãos.
- Foi o sentimento de nostalgia, ou com os Dove podes fazer e ter ou tipo de liberdade musical diferente do que fazem por exemplo os Head:stone?
-A: São bandas diferentes, com conceitos completamente diferentes.
Os HEAD:STONED são um todo e, em termos musicais uma banda que sabe explanar bastante o seu som, temos variadíssimas texturas musicais que podem ser introduzidas no som da banda.
Nos DOVE a banda é caracteristicamente Thrash-Metal, não estando totalmente presa a esse estilo, não somos tão versáteis como é HEAD:STONED.
Nostalgia, sinto-a mas, não no que toca à banda em si... os DOVE tendo tido um percurso tão sinuoso e complicado até, devido às constantes alterações de line-up, de nostálgico não têm nada. Tem isso sim, um carisma musical, uma influência, naquilo que foram as primeiras bandas de Thrash-metal nacionais e, que contagiou directa ou indirectamente, algumas das bandas que surgiram à posteriori.
- Os Head:stoned já vão fazer 10 anos em 2016. Existe ai alguma surpresa na manga, uma vez que o ultimo trabalho foi em 2013?
-A: Não está previsto rigorosamente nada!
Aliás, a banda tem atravessado um deserto no que toca à criatividade, em parte pela falta de inspiraçãoo do vocalista Vítor, que se vai reflectir na sua decisão de abandonar a banda em finais de Novembro.
Vamos continuar, sabendo que será um trajecto complicado, pois o Vítor é um excelente vocalista, bastante carismático e grande responsável pelo som que caracteriza HEAD:STONED.
Mas, a restante banda decidiu que ainda temos algo para dar e, vamos aguardar o que o futuro nos reserva...
- Sobre os DUM que novidades nos podes contar, existe um novo trabalho a ser preparado correcto?
-A: Sim, existe mas, o processo é muito moroso e complicado.
O tal tempo que falamos no início, é limitativo e, conseguir conciliar timings das pessoas envolvidas no projecto, mis difícil se torna.
Ainda para mais gravar música sem haver um ensaio sequer, é tudo feito através de partilhas de ideias, que delineadas são gravadas directamente.
Garantidamente, acredito que é um projecto super-aliciante e com uma qualidade enorme mas, torna-se complicado apontar datas para a edição, pois sempre que o faço, acontece algo em termos de timings que afecta esse desejo.
- Para terminar vida de baterista não é fácil e tendo problema de coluna pior ainda, mas esse problema está ultrapassado? Estás forte como uma pedra?
-A: Não!
Os meus problemas de coluna são praticamente irreversíveis e, tendem a agravar-se cada vez mais com o passar dos anos.
Foi internado há dois anos para ser operado à coluna mas, passado duas horas de internamento o médico mandou-me embora do hospital porque recusou-se a fazer a operação, devido aos enormes riscos que a cirurgia iria acatar.
Ainda para mais, tenho tido outros problemas de saúde e, apesar de sentir que o fim como músico está cada vez mais próximo, vou seguindo o meu caminho.
Mesmo, com o declínio de apoiantes à minha que vou fazendo, dos problemas internos no seio das bandas ou, as dores enormes que sinto quando toco, não consigo responder de onde vêm as forças para continuar...
Portanto, quando perguntam-me como consigo ao fim de 27 anos continuar a tocar bateria, só sei responder pela paixão que sinto para com a música.
- Para finalizar, uma mensagem para quem lê esta entrevista no Pedra de Metal.
-A: Antes demais um agradecimento especial, a ti Paulo, pela oportunidade e pelo apoio ao concederes esta entrevista.
Depois agradecer às pessoas que ao longo de todos estes anos têm apreciado e apoiado todos os projectos que estou inserido.
Demonstrando esse apoio com a aquisição dos lançamentos, apoio nos concertos ou mensagens que recebo.
Este entusiasmo que demonstram, umas vezes mais fortes que outras, é importante e dá bastante força, sendo este, também, um motivo para ir andando por aqui.
Horns Up! \m/
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