Pedra de Metal

terça-feira, 31 de maio de 2011

PEDRAGULHO - The Spiteful "Persuasion through persistence"



Finalmente apresenta-se a análise ao álbum “Persuasion through persistence”, dos leirienses The Spiteful, lançado em 2009.

Os The Spiteful começam o seu álbum com “Sinner suits sin” que começa de forma devastadora como a explosão de uma bomba de hidrogénio. O som é tão denso que arrasta tudo à sua passagem como uma onda de choque. Desde logo nota-se que estamos perante uma boa produção a nível de som ao que não será alheia a colaboração de Daniel Cardoso na mistura e masterização do álbum tendo a produção, gravação e engenharia de som ter sido assumida pela própria banda. Todo o álbum é marcado por um ritmo muito compassado e preciso cheio de groove e a influência que se nota, instantaneamente, é a de Chimaira, na fase inicial da sua carreira, muito devido à voz de Tarrafa mas não só.

Seguem-se “Black tongue” com um ritmo mais veloz do que a anterior e, posteriormente, “Slow needles and trauma prescritions” que segue o ritmo mais compassado da primeira música com o vocalista a cantar a um tempo ligeiramente inferior ao da música no início do tema o que se revela bem interessante. Esta também é pontuada por certos efeitos sonoros electrónicos que dão uma textura mais enriquecida ao som da banda.

“The bitter in the sweet” tem um dos registos mais compassados de todo o álbum com Granja a fazer um mini-solo no seu baixo, aparecendo do nada e de forma imprevisível, e com os vocais num registo mais próximo aos de um Phil Anselmo dos Pantera. “The heart as a claw” começa com um riff com um feeling thrash e é uma música em que Mota e Sérgio, os dois guitarristas "de serviço", se “duelam” com os seus solos.

“Deviant saints” tem a particularidade de, a certa altura, ter uma secção em que apenas a voz, em modo de sussurro, o baixo e a bateria se ouvem explodindo num refrão a plenos pulmões com um solo que faz lembrar os de Slayer, especialmente na fase mais recente da carreira.

Em “Triggered”, os The Spiteful decidem “brincar” com os tempos da música. Começam rápidos, no refrão e durante o solo abrandam bastante, aceleram de novo, e pouco depois aceleram ainda mais dando um toque de Death Metal técnico ao seu riff. Fazem esta variação de tempos na grande maioria das músicas do álbum no entanto, nesta torna-se mais evidente devido à insistência da sua utilização. Aliás, torna-se evidente que os The Spiteful conseguem construir estruturas rítmicas muito sólidas e com tempos de ritmo diferentes sem a sua música se “desconjuntar” ou o resultado final ser disparatado. Numa palavra: consistência.

“Method of fire” é o hino da banda. Muito devido ao seu refrão “incendiário” de plateias. A música começa com um ritmo forte e veloz que desemboca num refrão portentoso acompanhado por um riff que se torna melódico por essa altura com Tarrafa a gritar a plenos pulmões a palavra “Slavery”. Mas isto não é tudo! Pouco depois, e ainda no refrão, entra o bombo duplo de Sarnadas. Impressionante!

“Iconoplastic”, a última música do álbum, é pontuada por várias mudanças de tempo fechando com o selo de identidade da banda. Ritmos compassados, precisos, imprevisíveis e agressivos.

É notório o cuidado que a banda teve com o detalhe pois, apesar de ser um álbum coeso e homogéneo, há sempre algo de distinto em cada música o que torna o álbum coeso e ao mesmo tempo diversificado e imprevisível surpreendendo o ouvinte. O ouvinte “tira” a identidade da música ao início, no entanto, poucos segundos depois é surpreendido com uma mudança de tempo, uma explosão de um solo ou uma vocalização surpreendente o que torna a “viagem” bem mais divertida e aumenta de forma significativa o tempo de “vida” do álbum no leitor de cd`s.

The Job”, uma música mais recente que fizeram para a compilação “Por um punhado de bandas”, onde bandas criam uma música para um dos seus filmes preferidos, e em que a banda presta homenagem ao filme "Cães danados" ("Reservoir dogs") de Quentin Tarantino mostra-nos uns The Spiteful mais melódicos embora tão agressivos como nos mostraram no primeiro álbum (particularmente na versão tocada ao vivo) mostrando outra faceta da banda sem pôr em causa a identidade que imprimiram neste primeiro álbum.

Os The Spiteful estreiam-se no registo longa duração com um álbum muito bom restando cimentar e desenvolver a sua identidade pois está provado que têm competência para crescer e tornarem-se num nome ainda mais forte no panorama nacional do Metal português.




Entrevista a The Spiteful

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