Pedra de Metal

quarta-feira, 14 de março de 2012

ENTREVISTA - Flagellum Dei


Temos aqui um bom exemplo, os Flagellum Dei conseguiram provar a todos que é possível remar contra a maré. Após inúmeras mudanças de formação e alguns anos parados, o líder Spulchral Winds e os seus novos Flagellum Dei estão de regresso ao activo. Agora é preciso manter toda esta energia e continuar a trabalhar. O guitarrista Spulchral Winds relembra-nos alguns aspectos sobre o passado da banda, assim como os seus novos métodos de trabalho, o novo álbum, etc...

Pedra de Metal – Do que sei, os Flagellum Dei surgiram nos finais da década de noventa, desde então quais foram os percursos que a banda tomou ao longo da sua existência?
Spulchral Winds -
Saudações!
Antes de mais queria agradecer ao pessoal da Pedra de Metal pelo apoio demonstrado a Flagellum Dei. O caminho já vai longo, é verdade, mas o que importa é que mantivemos a essência intacta ao longo dos tempos, mesmo com entradas/saídas de membro, não quero desfazer o passado, longe disso, foram grandes tempos! Curtimos muito, muito mesmo! Estávamo-nos a cagar para tudo e para todos e especialmente para o que diziam, nunca quisemos ser famosos, sempre tivemos na nossa, sem nunca entrarmos em polémicas e merdices sem jeito nenhum, queríamos era descarregar com black metal nu e cru e o resto era merda! Quem gosta, gosta, quem não gosta vá para o bar beber copos ou vá namorar, era essa a nossa atitude e ainda é essa a atitude que ire-mos levar até ao fim! De uma maneira normal as coisas com o passar do tempo foram-se alterando, há cerca de três anos mudei-me para a Marinha Grande e foi a partir daí que os Flagellum Dei tomaram um novo rumo, como disse atrás ‘’não quero desfazer o passado’’ muito pelo contrário, mas os tempos eram outros, éramos mais novos logo, levávamos as cenas doutra maneira, muito mais à bruta e sem olhar muito para o futuro, já podíamos estar muito mais à frente, isso é verdade, talvez algumas más escolhas no passado, não sei, mas a nossa cena era mesmo essa, ser tipo ‘’banda de garagem’’ nunca sair do underground, às vezes ouço falar de ser ‘’true’’ queres um exemplo melhor do que este? Enfim, com esta nova era, estamos a tentar sair um pouco mais da “toca”, estamos actualmente muito mais banda do que alguma vez fomos, isto num sentido mais “profissional”. Ensaiamos muito mais, compomos mais, interagimos mais etc… Só para teres uma noção, temos material para dois álbuns e um 7’’EP, sendo um destes trabalhos “Order of the Obscure”. Agora é manter o trabalho e gravar o próximo em breve…

P.M. – A banda, neste momento, encontra-se com a mesma formação de instrumentos tal como quando começou. Será um sinal inconsciente de se considerar que este novo álbum é um novo ponto de partida?
S.W. –
Sim, sem dúvida que é um novo ponto de partida para a banda, mas não pelo facto de voltarmos á formação de quatro elementos, até podíamos ser só os três ou mesmo cinco, não vou dizer que voltar à mesma formação foi ocasional, não. Foi pensado e discutido entre mim e o Skullcrusher (baterista), que Flagellum Dei precisava de algo diferente para o futuro, e como já tinha conhecimento da versatilidade vocal do Hellraiser decidimos convida-lo para fazer parte dos Flagellum Dei. O resultado está no novo álbum, na minha opinião, esta foi umas das grandes decisões que tomámos nos últimos anos.

P.M. – Com uma guitarra a menos que nas formações passadas, dá-vos mais liberdade para criar novos temas?
S.W. –
Sim, de certa forma ajuda, menos gente menos confusão, os temas são na sua maioria compostos entre mim e o Skullcrusher, depois vem o resto com novas ideias para completar, muito mais fácil este método. Para este novo álbum que vamos começar a trabalhar em breve, vou preparar uma linha de guitarra diferente, ou seja uma linha de guitarra independente. Depois veremos como resulta ao vivo sem essa guitarra, se acharmos que perde muito aí ponderemos uma segunda guitarra. Tudo dependera de como baixo complete a guitarra. O novo álbum já esta composto, mas ainda falta muito trabalho pela frente.

P.M. – Quais os pontos que foram marcantes para a realização de “Order Of The Obscure”?
S.W. –
O ponto mais importante para este álbum foi termos entrado no mercado alemão com a realização feita pela Pestilence Records, no fundo era o que desejávamos, e conseguimos. Agora é esperar para ver se realmente valeu a pena…

P.M. – Para quem ainda não ouviu o álbum, o que é que há dentro dele que nos possas contar e que leve os nossos leitores ao interesse de o adquirir?
S.W. –
Para quem conhece a banda desde os seus primórdios, este pode ser um choque, as novas músicas são de uma onda completamente diferente, com um tipo diferente de rifagem de guitarra, uma bateria muito mais rica e rápida, e o mais importante de tudo a voz, esta consegue nos tocar na alma em muito momentos do álbum. Na minha opinião o ‘’Order of the obscure’’ é um dos nossos melhores trabalhos até à data, a produção totalmente caseira e com recursos mínimos também faz deste, um álbum de puro black metal nu e cru. Quem espera ouvir isso também o terá, mas isto é como tudo, deixar a avaliação final para os ouvintes. Muitos dos nossos fãs, já queriam algo novo… aqui o têm.

P.M. – A capa deste vosso novo trabalho é da autoria de um fã da banda. Podes-me contar como tudo se passou?
S.W. –
Sim, que coincidência, de facto, nós estávamos completamente a zero no que diz respeito à capa, foi aí que o Andre da Pestilence Records disse que tinha um amigo que fazia artwork para bandas (o Sr. Marcus), nós concordámos, ele falou com ele e dai é que veio a surpresa, o homem era fã da banda já há muito tempo. O trabalho que ele fez foi fenomenal!

P.M. – Uma vez que o álbum foi lançado por uma editora alemã e, estando ele a ser muito apreciado e com excelentes valores atribuídos por diversas web-zines estrangeiras, achas que é muito provável serem chamados para actuar lá fora?
S.W. – Não vai ser fácil, mas espero que sim…

P.M. - Sempre houve uma preferência das pessoas pelo que vem de fora. Achas que, com o passar do tempo, está-se a tornar cada vez mais possível para as bandas de metal portuguesas conseguirem melhores resultados com os discos que vendem no seu próprio país?
S.W. – Não acredito. Não querendo generalizar, mas acho que as pessoas, na sua maioria, continuarão a dar preferência ao que vem de fora, mas assim, de certa forma até é melhor deixar que sejam os estrangeiros a valorizar a nossa música, sempre são mais, logo, compram mais discos.

P.M. – Chegou que o momento de deixares uma mensagem para os leitores da Pedra de Metal.
S.W. – Não tenho muito mais a adiantar…
Estamos de momento a começar a preparar o novo álbum, mas ainda queremos dar mais uns concertos por aí, espero que adiram e que apoiem mais o metal português no geral. Quem quiser contactar a banda pode faze-lo através do mail: FLAGELLUMDEI666@GMAIL.COM
Terei todo o gosto em responder.
Uma grande saudação a todos os nossos entusiastas e mais uma vez obrigado à Pedra de Metal pelo apoio.

BLACK METAL BLOOD FOREVER!

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