Pedra de Metal

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

ENTREVISTA - Dr. Salazar


Com um nome que, injustamente, deu uma má interpretação por parte de muita gente, os Dr. Salazar têm lutado para pôr um fim a esse mesmo preconceito. Um EP e dois excelentes álbuns lançados, faz desta banda uma grande potência do metal de intervenção à nossa sociedade. Vários são os pontos essenciais sobre esta banda que Manuel D’Albuquerque, vocalista e fundador, nos referenciou.

Pedra de Metal – A originalidade em se basearem no Antigo Regime e a escolha do nome para a banda, tornou-vos alvo de “Censura”?
Manuel – Sem dúvida, temos a perfeita noção de que o nome fez com que fossemos propositadamente ignorados e objectados a muitos eventos, só alguns corajosos movidos de uma atitude despida de preconceitos nos convidaram à festa. Dr. Salazar é mesmo um projecto underground, não é politicamente correcto, não cativa multidões, incomoda com o discurso e não lhe consegue arranjar uma prateleira.

P.M. – Durante este ano, andaram pela estrada com a “Tour Lápis Azul”, acham que ajudou o público a ficar com uma ideia mais positiva em relação a vocês?
Manuel – Pensamos que sim, porque aí temos a oportunidade de contactar directamente com as pessoas, organizações e desmistificar um pouco o que nos tem traído que essa questão de suporem sermos ou não de extrema direita ou de um movimento qualquer.

P.M. – Como é pegar neste, exigente e obscuro, período da nossa História e transforma-lo em letras para músicas?
Manuel –
O “Lápis Azul” não incide todo sobre o período salazista, isso acontece mais no primeiro álbum “Antes & Depois”. O que se mantem é o carácter interventivo, e diga-se de passagem que os políticos são generosos a fornecer matéria para fazer letras.

P.M. – É certo e sabido que a forma de manter uma banda em actividade depende de uma serie de factores. No caso dos Dr. Salazar, irão existir enquanto houver argumento para falar sobre o Estado Novo?
Manuel –
Os Dr. Salazar irão existir enquanto os músicos assim o desejarem, matéria não falta, vontade também não.

P.M. –A vida secreta de Salazar, dava argumento de composição para um simples tema ou para um trabalho conceptual?
Manuel – Não sabemos se a vida secreta do homem teria interesse para alguém e arriscar um álbum conceptual à volta disso, poderia ser um risco. O regime de ditadura forneceu outros temas com maior potencial como a “Guerra do Ultramar” por exemplo.

P.M. – Que antiga prisão política escolheriam para cenário de um vídeo-clip?
Manuel – O Tarrafal (Cabo Verde) obviamente, se alguém nos ajudasse ou patrocinasse seria aí uma vez que o tema “Tarrafal” é um dos nossos primeiros temas incluído no “Antes & Depois” e também mais apreciados.

P.M. – E já que falamos no assunto, quando o álbum “Antes & Depois” foi lançado foi também feito um vídeo-clip do tema “Culpa Do Sistema”. Para o álbum “Lápis Azul”, ainda está reservada alguma surpresa audiovisual?
Manuel –
Não e também não teve a mesma promoção por falta de suporte diga-se EURO. Nenhum de nós trabalha numa Câmara Municipal como acontece com as bandas de metal mais bem sucedidas do País, ninguém arrisca nada e a banda tem que autosustentar, só vai a onde pode.

P.M. - Bom e agora para terminar gostava que deixassem uma mensagem para todos os leitores que nos acompanham e que marcham connosco.
Manuel –
Contra outras adversidades, agarrem-se e lutem por aquilo em que verdadeiramente acreditam. Gostem de vós próprios, só assim poderão gostar dos outros.

1 comentário:

José Marin disse...

Eh he ... Só mesmo por estupidez bacoca é que se pode pensar queo os
Dr.Salazr são "fachos"...

Quandoli e ouvi falar acerca da Banda confesso que tive as minha naturais duvidas ...

Agora dpois de os ouvir ... Sinceramnente ...

Continuem por muitos e bons anos, fazem falta pessoas que saibam pensar e dier coisas de jeito.

Mal posso esperar pelo dia em que possa vê-los ao Vivo ... Até lá terei de contentar-me em ouvir ... E a divulgar ...