Pedra de Metal

terça-feira, 20 de abril de 2010

ENTREVISTA - Insanus



O Pedra de Metal viajou até à bonita cidade de Braga onde esteve à conversa com o nosso amigo Snake (Vocalista de Insanus), que nos falou sobre o nascimento desta poderosa banda entre muitas outras coisas.

Pedra De Metal - Relactivamente ao vosso proximo trabalho, irá ser um novo EP ou um album?
Snake -
A resposta é directa... Álbum! Estamos com os olhos postos no futuro e depois do EP, não podemos parar. Queremos dar seguimento ao trabalho desenvolvido e não se justifica gravar um novo EP. Gravar logo um álbum não é muito aconselhável no sentido de que, é necessário criar um background de apoio para estar mais confortável neste circuito.
É mais viável teres um primeiro trabalho mais compacto para dares a conhecer o teu som e aproveitares isso para espalhar o teu nome ao máximo. Com um EP, abrem-se muitas portas em relação a concertos e imprensa e tudo mais...
E estamos a reparar nisso agora. [risos!]
Mas ideia sempre foi começar com um EP e depois, arrancar com os trabalhos de longa-duração.
Aliás, posso dizer que já estamos a compôr para esse primeiro álbum. Se correr bem, pode ser que já em 2011 apareçam novidades.

PDM - Achas que a aceitação do publico portugues em relação às bandas nacionais está a crescer, ou achas que continua a existir um maior destaque às bandas estrangeiras?
Snake -
Não preciso de pensar muito para te responder a isso. Existe um enorme desinteresse por parte do público (falo no geral, há excepções) em relação ao produto nacional. A maior parte das pessoas não dá o devido valor, e às vezes nem o respeito, às bandas Portuguesas.
Há muita banda lá de fora que ao comparar com outras daqui, nem cheiram o potencial que as nossas bandas têm. Mas ainda assim, se as duas tocassem juntas num concerto, o comentário seria o seguinte:
"Epah, esta banda é espectacular mesmo! Estava mesmo com vontade de os ver. Partiram tudo. Quem me dera que as bandas daqui tivessem tanta qualidade!"
Mesmo que a banda estrangeira desse um concerto mau. Em relação à banda Portuguesa, o comentário seria neste género:
"Não vi. Não aprecio muito. Aliás, não é grande cena. Tive lá fora a beber uns finos e a conversar"
E é por esta mentalidade que as nossas cenas têm dificuldade em evoluir. Sem apoios, é complicado! Mas felizmente, ainda há pessoal que pensa de maneira diferente e ajuda o movimento a circular.
Acho que este menosprezar das bandas portuguesas, não se fica só pelo público. Ainda existe muita gente da imprensa que parece que não quer saber. Escrevem meia página a comentar um concerto em que é tudo sobre as bandas estrangeiras (mais concretamente as de nome maior) e duas linhas para as bandas portuguesas que tocaram no mesmo evento.
A dizer que foi fixe, teve bom som e que estão mais evoluídos. [risos!]
Aliás, toda a gente ouve falar que X ou Y não deu nada cá em Portugal mas alguma editora lá de fora pegou neles e estão a dar-se bem. E outros comentários em relação ao estrangeiro. Quem for lá para fora, safa-se muito mais e quando volta para cá, é Rei.
Parece absurdo (e é!), mas também é real.
Temos de abrir os olhos ao que é realmente bom e temos de apoiar aquilo que é nosso! Com certeza que teremos muita mais força para poder competir com o que se faz lá fora, mas parece que o pessoal não aprende.
De certa forma, um gajo já está habituado. O povo português sempre foi pouco patriota.
Dá mais valor ao que é de fora. A ver se as mentalidade mudam um dia...

PDM - O projecto Insanus foi algo criado de raiz ou resultou de projectos anteriores?
Snake -
Foi tudo de raiz! Nenhum de nós teve projectos anteriores e começamos todos a tocar juntos. Aliás, só para terem noção das coisas, o Hugo comprou a bateria para formarmos a banda e o João também comprou uma guitarra eléctrica, na altura uma Gio da Ibanez [risos!], para começarmos a tocar. E na altura não tínhamos pedal duplo. Tocavamos sem pedal duplo. Só passa um tempo valente é que o Hugo comprou um. [risos!]
Quando o Luís veio para a banda já tinha a sua Ibanez e já tocava à algum tempo, mas mesmo assim, estava no início da sua cena. E Insanus é a primeira banda dele também.
O Barros é que tinha um ou outro projecto na onda do rock, mas nada de especial.
Era isto e era tudo com cubes 30w. Eu a cantar num amplificador daqueles que vem no pack da fender [risos!] e voilá! Criaram-se os Insanus.
Hoje já temos todos o nosso próprio material e com qualidade elevada! Mas também custou dinheiro.
Relembrar este nosso percurso até aqui é algo que nos deixa mesmo contentes. Ver que estamos a conseguir atingir os nosso objectivos e que aos poucos, estamos a crescer cada vez mais, é um orgulho para nós!
Estamos mesmo muito contentes com tudo aquilo que temos feito e com tudo aquilo que tem acontecido. Mas é tudo fruto do nosso trabalho.
Só queremos mais e melhor. E trabalhamos para isso também!

PDM - Já receberam propostas para tocar fora do nosso país?
Snake -
Neste momento só temos um concerto lá para fora. Será no dia 7 de Agosto em Vigo, no Anoeta Bar. Vai ser uma experiência muito porreira! Ou pelo menos, assim o espero. [risos!]
Acho que em Espanha, é sensivelmente simples de tocar. É quase a mesma coisa que tocar aqui. E é isso que também dá mais amplitude às bandas estrangeiras.
Uma banda que seja de França, pode ir a Itália, pode ir a Espanha, pode ir à Suíça, pode ir à Alemanha... com uma facilidade muito maior.
A distância é equivalente a tocar no país deles, num destino como daqui de Braga a Lisboa.
Se formos analisar Portugal, podemos ir a Espanha e ponto. É muito complicado sair daqui. Estamos num cantinho lixado. [risos!]
Contudo, tencionamos sair daqui e fazer umas coisas lá para fora. Claro que para já não pensamos muito nisso, estamos no início da nossa carreira musical e fazemos tudo com os pés bem acentes no chão. Sonhamos muito, mas temos noção da realidade e vamos levando a cena passo a passo.
Para já é o que é e aproveitamos sempre as oportunidades que nos aparecem e que nos parecem ser mais proveitosas para nós.
Com o tempo, logo se vê...

PDM - Que bandas influenciaram o nascimento da banda?
Snake -
Acho que no início, não havia assim nenhuma em particular. Penso que fomos moldando a nossa cena e fomos amadurecendo nos gostos musicais. E isso ainda vai acontecendo.
Mas tivemos sempre a ideia de sermos uma cena diversificada no sentido de que não criamos restrições na composição das músicas. Compomos aquilo que nos surge à cabeça e se gostarmos, trabalhamos nisso. Acho que nesse sentido, somos muito expontâneos.
Claro que acabamos sempre por ser rotulados por toda a gente [risos!], mas se tiver que falar sobre a nossa música, digo que é uma mistura de peso com melodia no sentido de criar o espaço necessário para cada uma das duas vertentes. A cena anda no Death Metal Melódico com influências suecas mas umas camadas da cena Americana também.
A nível de bandas, posso dizer que The Absence, At The Gates, Lamb Of God, The Black Dahlia Murder, Dark Tranquillity, Allegaeon... são algumas das enúmeras bandas com quem nos identificamos e das quais tiramos imensas influências.
Mas não é vergonha nenhuma fazer referência a bandas portuguesas que também nos cativam bastante e que são influências para nós.
Echidna, The Ransack, Wako, Switchtense, Pitch Black, Theriomorphic e muitas outras...

PDM - Sobre que tipo de assuntos se baseiam para compôr as vossas letras?
Snake -
As letras são escritas por mim. Não só por ser o vocalista, mas também para poder encarnar ao máximo aquilo que está escrito. Consigo estar mais dentro do conceito que está na letra porque fui eu que escrevi e sei precisamente aquilo que quero transmitir.
Não gosto de fazer muita salsichada de conceitos. Faço sempre um plano para cada trabalho. Primeiro tenho de escolher o tema que vou abordar naquilo que vamos gravar e depois, as letras enquadram-se nessa ideia.
Por acaso só temos o EP, por isso, posso dizer-te de que fala.
O nome do EP é "Wrath Of Creation", ou seja, "A raiva da criação". Essa criação não é nada mais nada menos que nós próprios. E a raiva de que se fala é o inconformismo que surge face à nossa existência. Isto estamos em constante introspecção em relação a isso.
Temos sempre enúmeras dúvidas sobre o porquê de estarmos aqui e qual o propósito disto tudo. E quando se fala da vida, fala-se também da morte. E é tudo exactamente igual, mas tem a agravante de que somos mais ignorantes em relação à morte, porque nos é totalmente desconhecida. Apenas temos consciência que é onde termina a vida de algo, ou de alguém.
E pronto, este trabalho anda à volta disso. Fala da vida, da morte, do propósito da nossa existência, fala de um Deus (não um em particular, mas todos em geral) e é como que um livro, onde os capítulos se desmontam nas músicas que o constituem.
Mas deixo tudo em aberto para que o público leia as letras e tire as suas próprias conclusões.

PDM - Pretendem continuar a praticar um death metal melódico ou no futuro irão cruzar mais o vosso estilo?
Snake -
Essa pergunta é complicada de responder. Não te sei dizer aquilo que pretendemos no futuro e penso que a melhor resposta a essa pergunta é o álbum de estreia, porque aí vão poder ouvir mais e tirar as conclusões que acharem mais acertadas.
Portanto, até lá, é esperar. Para quem não conhece, convido a visitar o nosso myspace.
Para os que já sabem quem somos, espero ver-vos pelos concertos a apoiar o pessoal!

PDM – Obrigado Snake pela tua disponibilidade em responder às nossas perguntas, teremos muito gosto em escrever uma review ao vosso próximo trabalho, um grande abraço para ti e felicidades para o vosso projecto.

Snake - Obrigado pelo convite para esta entrevista e continuação de um excelente trabalho em prol da comunidade.

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