Pedra de Metal

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

ENTREVISTA - Coldfear


O Pedra de Metal falou com Hugo Serra, guitarrista de uma das bandas revelação 2009, os COLDFEAR. Depois do lançamento do seu primeiro Ep nesse mesmo ano, a banda promete muito trabalho para 2010 e quem sabe se em 2011 o lançamento do tão desejado álbum não será tornado uma realidade.

PEDRA DE METAL - Em que se baseia o espírito dos Coldfear?
HUGO SERRA - Antes de mais, muito obrigado pela oportunidade que nos proporcionaste para dar-nos um pouco a conhecer. Respondendo à tua pergunta, os COLDFEAR são, acima de tudo, um grupo de amigos que partilha um gosto comum entre todos: a música. O espírito dos COLDFEAR passa muito pela forma de estarmos na vida, pela maneira de como nos relacionamos com o mundo que nos rodeia, pelo modo como estabelecemos amizades e por aí fora, etc. Tal espírito pode ser visível em todos os nossos concertos, pois não dispensamos uma boa oportunidade para lançarmos umas boas piadas para o ar, tentando transparecer toda a boa disposição que normalmente existe num saudável grupo de amigos. Quem nos conhece, sabe que pode esperar por uns bons momentos de relativa boa disposição e, nesse sentido, deixo já aqui um desafio para aparecerem num dos nossos concertos e comprovarem isso por vocês mesmos! (risos)

PEDRA DE METAL - Porquê 4 anos a fazer um lançamento profissional?
HUGO SERRA - Os COLDFEAR são bastante recentes e antes de nos aventurarmos num mundo em que é preciso alcançar um certo nível de estabilidade para que saia um produto forte e coeso, optámos por esperar e deixar um pouco a situação amadurecer. Só aí, mediante a nossa perspectiva, é que se reuniram as condições favoráveis para avançarmos com tal ideia: conhecermo-nos uns aos outros, alcançar uma formação estável, saber quais as nossas limitações, partilhar experiências e consolidar um tipo de sonoridade que se identificasse com tudo o que acabei de referir atrás. Daí termos optado também por um EP que servirá como uma rampa de lançamento para um futuro álbum tendo por base uma sonoridade mais madura, mais moderna, com a qual nos identificámos a 100%.

PEDRA DE METAL - Que mais coisas vos falta fazer e que ainda não foram feitas?
HUGO SERRA -
Ainda temos muito terreno para pautar. O facto de termos avançado primeiro com este EP deu-nos a conhecer os vários mecanismos que são necessários envolver num processo de edição de um primeiro trabalho, passando pela estrutura de custos que é necessário ter em conta (desde a produção do trabalho propriamente dito até à divulgação final), do tipo de contactos que devem ser estabelecidos em torno deste processo, entre outros. O nosso principal objectivo agora é divulgar este nosso trabalho de Norte a Sul do País e dar o máximo de concertos por aí abaixo. Isso dar-nos-á ainda mais bagagem para apostarmos num futuro álbum o qual será, na minha perspectiva, uma das primeiras grandes metas a alcançar.

PEDRA DE METAL - Para 2010 teremos finalmente um álbum?
HUGO SERRA - Julgo que não. O EP saiu no final de 2009 e como apostamos em temas completamente feitos de raiz e que não tivemos ainda oportunidade de tocá-los muitas vezes ao vivo, vamos aproveitar 2010 exactamente para isso: mostrar estes temas em palco o máximo de vezes que pudermos enquanto preparamos, ao mesmo tempo, novos temas para o nosso primeiro álbum que poderá ver a luz do dia lá mais para 2011. Já começamos a reunir algumas ideias/temas que poderão constar nesse álbum, mas preferimos ainda amadurecer melhor essas ideias antes de chegarmos a uma conclusão final e aproveitar tudo o que sejam inputs que possam vir das nossas experiências na estrada.

PEDRA DE METAL - Quais as vossas principais influencias?
HUGO SERRA -
Como será de esperar, cada um dos elementos da banda possui as suas mas, de uma forma geral, gostamos imenso da cena Death/Thrash melódica sueca verificando-se, muitas das vezes, na nossa própria sonoridade exactamente isso. A forte vaga americana, que entretanto também surgiu, também nos influencia em muito no tipo de sonoridade que praticamos, daí tentarmos criar um tipo de som que vá de encontro com estas duas influências mas que, ao mesmo tempo, seja minimamente característico, moderno e que faça com que nos sintamos realizados.

PEDRA DE METAL - Quais os alvos usados na vossa lírica?
HUGO SERRA -No que toca a este aspecto, referimos muitas das experiências pessoais como banda, mas não só, em torno da sociedade onde vivemos, onde estamos enraizados e na qual muitas vezes entramos em confronto, principalmente de ideias e de maneiras de estar. O próprio nome do EP sugere exactamente essa temática: a incapacidade do ser social ser incapaz de se olhar de igual para igual, de avaliar tudo de uma forma bastante superficial, do orgulho exagerado existente e incapacidade de ceder, de chegar a um ponto que, de tanto tentar e voltar a tentar para alcançar algo lhe apetece explodir com tudo e acabar com a frustração na qual vive no seu dia-a-dia. Achamos este o tema mais adequado e com o qual nos sentimos mais à vontade para transparecer, uma vez que reflecte o tipo de som que praticamos e toda a agressividade nele inerente.

PEDRA DE METAL - Qual o vosso ponto de vista do que esta a passar em Portugal e de que forma isso afecta a música e os músicos?
HUGO SERRA -Actualmente, principalmente no meio underground, estamos a assistir a um surto de bandas com bastante qualidade e que apostam exactamente nisso: em mostrar música de qualidade, num formato com mais qualidade ainda, elevando a fasquia para níveis em que podem perfeitamente concorrer cada vez mais com o que de melhor se faz lá fora. De certa forma, poderá mudar a mentalidade dos músicos portugueses fazendo com que estes ponderem melhor as decisões que tomam quando se deparam com um lançamento discográfico, uma vez que este último terá cada vez mais oportunidades para obter alguma notoriedade fora deste país. É uma altura bastante favorável para que as bandas portuguesas se façam ouvir e obtenham mais oportunidades das que, muitas das vezes, lhes são vedadas no próprio país de origem.

Mais uma vez, muito obrigado pela oportunidade que nos foi dada de nos dar a conhecer um pouco mais junto de quem, eventualmente, nos tenha já visto/ouvido e felicidades para as vossas iniciativas de divulgação do melhor que se faz por cá.


Entrevista efectuada por Paulo Emperor e Bruno DarkMotion

Sem comentários: