Pedra de Metal

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Chuck Schuldiner – há uma década morreram os Death e nasceu uma lenda


Face a uma história como a de Charles Michael ‘Evil Chuck’ Schuldiner é difícil discordar da premissa “os génios morrem jovens”. O floridense é das maiores lendas de sempre no universo de Metal, citado pelos mais variados artistas, críticos e propulsionadores do movimento um pouco por todo o mundo. Morreu em 2001, após uma longa batalha com um tipo raro de cancro cerebral, que acabou por lhe desencadear uma pneumonia, mas deixa para trás um legado imortal a ser carregada por todos os fãs do género.



O seu grande projecto foi a banda Death, que se destaca como um dos principais inovadores da cena de Death Metal que no final dos anos 80 rebentou na Florida (em Tampa, cidade natal de Chuck, para ser mais específico). Mas o papel de Chuck é reconhecido como especial, tanto que entre os seus muitos títulos 'não oficiais' está o de "avozinho do Death Metal" (em inglês a expressão normalmente utilizada é "The Godfather of Death Metal", se bem que existe quem mantenha "The Father of Death Metal", como a irmã de Chuck).



O seu estilo tendia inicialmente para uma mistura de Thrash extremo com os elementos adicionais que viriam a ser reconhecidos como a génese do Death Metal. Álbums como "Scream Bloody Gore" e "Leprosy" são clássicos do género e bem listados em diversas tabelas e competições internacionais. Mas Schuldiner sempre teve horizontes extensos e como tal a banda foi progressivamente evoluindo para acompanhar a viagem do próprio fundador.



Quando lançaram "Spiritual Healing", os Death pareciam ter atingido um novo patamar: agradasse ou não a música estava renovada, com o elemento progressivo de Chuck Schuldiner a surgir pela primeira vez de forma inegável. As tradicionais guitarras 'a rasgar' eram desta vez complementadas por melodias, solos e outros devaneios tais. A bateria tornou-se mais complexa, e até a voz de Chuck sofreu uma pequena alteração no timbre, que agora era mais agudo.



Seguiu-se "Human", marcante na carreira de banda por várias razões, entre elas o vídeo gravado para a faixa Lack of Comprehension, o primeiro videoclip oficial lançado pelos Death. A complexa e inovadora faixa instrumental do álbum, Cosmic Sea, mostra bem o quanto a banda evoluiu ao longo dos anos.



O ante-penúltimo álbum, "Individual Thought Patterns", também conta com um videoclip; a faixa seminal "The Philosopher", que chegou a fazer os encantos de muitos no (antigo) Headbangers Ball da MTV. Mas acima disso, este álbum revela o caminho que Chuck e os seus companheiros iam trilhar no que lhe restava de vida; um Death Metal Progressivo, sem limites à composição e pautado por questões existenciais.





Uma Pedra de Álbum: “Symbolic”





É difícil destacar um só álbum na carreira dos Death, sou pessoalmente da opinião que a banda tem uma discografia imaculada. Mas um álbum parece (por pouco que seja) elevar-se acima dos demais. O seu nome é “Symbolic”, o sexto longa-duração da banda, lançado em 1995 pela – na altura independente – Roadrunner Records. O álbum carrega ainda uma significância adicional por ser o ‘último’ álbum dos Death em alma, sendo que Chuck Schuldiner concordou escrever “The Sound Of Perseverance” quando assinou com a Nuclear Blast, apesar de na altura estar mais dedicado a outro projecto, os Control Denied. Talvez por isso trechos e músicas das primeiras demos de Control Denied tenham dado origem a faixas do último lançamento oficial dos Death.



Não há em “Symbolic” uma faixa que não seja clássica para algum fã dos Death; do clássico Zero Tolerance (que emprestou o nome a duas compilações póstumas altamente controversas), “Empty Words” – nome do site oficial de Chuck, Death e Control Denied, gerido pela sua irmã – “Crystal Mountain”, passando por “1000 eyes”, “Perennial Quest” ou “Sacred Serenity”, este é o álbum que tornou impossível desassociar o Death Metal da melodia, técnica e progressão.



Uma evolução à base de elementos melódicos e progressivos levou inclusive alguns fãs a classificar os últimos trabalhos da banda como Heavy Metal, mas se considerarmos a influência póstuma que álbuns como “Symbolic” e “The Sound of Perseverance” tiveram no Death Metal (agora classificável como ‘Melódico’ ou ‘Progressivo’) facilmente surgirá a contra-opinião de que de facto os Death não se afastaram da génese de Death Metal, e o invés, ajudaram a expandir a mesma para além das fronteiras que na altura a delimitavam.



Foram muitos os músicos que ganharam nome graças à sua passagem pelos Death, e tantos outros que ajudaram a banda de forma mais ou menos fixa ao longo de toda a sua carreira. A lista é mesmo demasiado longa, mas para destacar alguns nomes os Death chegaram a ter na sua formação o baixista Steve DiGiorgio (Iced Earth, Testament, Autopsy), o baterista Gene Hoglan (Strapping Young Lad, Testament, Forbidden, Dark Angel, Dethklock, Unearth) e por um breve período, o guitarrista Ralph Santola (Iced Earth, Millenium, Deicide, Obituary).



O outro projecto pelo qual Chuck Shuldiner é normalmente lembrado são os Control Denied, uma mistura entre os lados mais calmos e melódicos dos Death com elementos e voz de Heavy Metal. O projecto teve vida curta e apenas um lançamento – "The Fragil Art of Existence" – mas reza a lenda que antes de morrer Chuck deixou gravado o segundo álbum, “When Man and Machine Collide”, o qual a irmã prometeu relançar com os restantes membros da última formação da banda. Esse lançamento tem sido sucessivamente adiado e actualmente está marcado para este ano.




I deny those stranger aeons, Death shall never die.


Chuck Schuldiner (US, Florida)- 13/05/1967 - 13/12/2001

Wikipedia
Empty Words (site oficial)
Metal Archives
Spirit of Metal

1 comentário:

Migalhas disse...

Grande legado que o Chuck deixou, um icone do metal!

E grande peça que escreves-te Carlos!