Pedra de Metal

sábado, 7 de agosto de 2010

ENTREVISTA - Triba


Podemos chamar-lhes de “futura promessa do Death-Metal”, o quinteto da Figueira da Foz lançou, este ano o EP de estreia intitulado “Morning Star Apocalypse”, segundo eles, o primeiro de uma trilogia conceptual. O vocalista Slade e o guitarrista Bola falaram com a Pedra de Metal e esclareceram-nos tudo.


Pedra de Metal – Os Triba uma banda que, tal como qualquer outra, tem a sua história. Gostava-mos que dessem a conhecer, aos nossos leitores, como tudo começou.
Slade - Penso que tal como qualquer outra banda Triba começou pela vontade de nos exprimirmos musicalmente. Inicialmente como Tribasativa ( Triba de Tribo, sociedade, comunidade e Sativa de sativo, próprio a semear ou pronto para colher) que remonta a 2002 e a pessoas que já não fazem parte da banda, a segunda fase conta desde 2005 com a entrada do Bola na banda e a saída de todos os outros elementos (risos) e consecutivamente com a entrada do Xano e do Atum, foi só quando nós os quatro nos encontramos em 2006 que a banda começou a ser mesmo algo sério. A meio 2008 resolvemos por de parte os instrumentos, por alguns desentendimentos pessoais e exactamente um ano depois com a errada ideia em dar-mos um ultimo concerto de despedida e celebrar conjuntamente o 1º aniversario da D.R.A.C., regressámos à actividade sem darmos por isso, tudo aconteceu espontaneamente. Recrutamos o Alex para uma segunda guitarra, encurtámos o nosso nome e amadurecemos a nosso sonoridade. Desde aí gravamos o "Morning Star Apocalypse" e temos vindo a divulgar o nosso trabalho através da Covil, tanto pela editora como pela promotora. Actualmente encontramo-nos num período de composição a preparar o segundo trabalho, enquanto vamos promovendo ao vivo o "Morning Star Apocalypse".  


PDM – Que entidades ou bandas nacionais vos têm apoiado e ajudado a sair do anonimato?
Slade - Honestamente não temos uma grande lista de entidades ou bandas a que nos tenha ajudado, acho que principalmente porque ainda nos mantemos no anonimato (risos). Mas temos que agradecer sem qualquer duvida à D.R.A.C.: Direito de Resposta - Associação Cultural por manterem a custo de enormes dificuldades o Movimento Underground vivo na zona da Figueira da Foz e por partilharem connosco os nossos sacrifícios e obviamente temos que também depositar os nossos agradecimentos no Hugo Pereira e no Marco Tito do Grupo Covil por toda a ajuda e confiança depositada em Triba.  


PDM – Vocês são militantes da sonoridade Death-Metal, que outras variantes rítmicas gostam de juntar ao vosso estilo?
Slade - Boa pergunta!! Não faço mesmo ideia... todos nós, na banda, temos influências e gostos completamente distintos uns dos outros e não temos regra geral à volta disso, desde que a nossa música seja honesta para nos próprios e de consenso comum com todos os elementos. Penso que talvez se possa juntar um pouco de thrash ao que fazemos e talvez algumas partes soem a black metal.... mas principalmente é metal! Penso que não nos compete a nós rotular o que fazemos.
Bola - Considero a nossa música um pouco uma mistura de tudo o que se faz a nível do metal. Desde partes tribais a pormenores operáticos, temos um pouco de tudo para manter sempre fresca e poderosa a sonoridade.  


PDM – A oportunidade de trabalhar com a Covil Records foi algo que vos surgiu de repente ou já era um objectivo estipulado?
Slade - Para este primeiro trabalho nem sequer pensávamos procurar uma editora, a ideia era fazer mesmo apenas uma edição de autor! Quando o Hugo e o Tito nos surgiram com a proposta foi uma surpresa que foi aceite com grande satisfação por nós. não só pela ideia de termos um selo, mas mais como pela confiança depositada em nós e por Triba ser a 1ª banda a estrear a Covil enquanto editora! Temos a noção que a editora ainda agora começou e é muito pequena de orçamentos limitados, mas futuramente poderá vir a crescer e talvez até ser algo que se torne grande e nós vamos ter sempre a marca de termos sido o primeiro lançamento e isso é algo que nos dá bastante orgulho.
 
PDM – Como banda que são, têm conseguido superar a difícil tarefa de conciliar a vida pessoal com os ensaios e os espectáculos?
Bola - Com dificuldade! Entre trabalhar, estudar, família, etc, requer sempre um esforço da nossa parte para conciliar todas as datas de ensaios, concertos e gravações. A comunicação e confiança entre os membros da banda é essencial.
Slade - É bastante complicado... Por exemplo, o Xano, o nosso baterista, encontra-se a trabalhar em Espanha, foi chamado mesmo antes de começar a nossa tour, desde que o disco está cá fora foi impossível dar um único concerto com ele devido ao seu trabalho. Foi um pouco preocupante para a banda essa situação, mas felizmente conseguimos encontrar alguém à altura para o substituir enquanto estivesse ausente do país, e aproveito desde já para agradecer ao Taylor dos Soulgore, por toda a disponibilidade, esforço e paciência que tem tido connosco em nos ter vindo a acompanhar ao vivo na promoção, caso contrario não sei como seria a nossa situação! Mas o que interessa é que tudo isto nos torna mais fortes e mais unidos como banda e até a ver temos ultrapassado todos os obstáculos que nos vão surgindo pelo caminho!  


PDM – Falando agora um pouco sobre "Morning Star Apocalypse", eu noto que, do que ouvi, existe um poderoso elo de ligação e de comunicação entre os ritmos que cada instrumento produz. Em relação às letras que escrevem, quais as regras essenciais no vosso estilo?
Slade - Sinceramente a única preocupação que tenho ao escrever as letras e, como regra geral, é todas elas serem bastante honestas para mim próprio uma vez que é a arma que possuo para me exprimir. Todo o que escrevo é de alguma forma anti-conformista de mensagem pesada e negativa, pois é assim mesmo que me identifico liricamente, talvez isso mude um dia, ou não (risos)! No caso particular do "Morning Star Apocalypse" o conceito lírico parte como inicio da minha imaginação num apocalipse fictício em que Deus resolve acabar com toda a sua criação, anjos, demónios e nós mesmo, os humanos, todos dentro da mesma vala comum para um prazer sádico do Divino. Digamos que são as minhas visões e interpretações apocalípticas... A ideia parte de fazer três discos conceptuais sendo o "Morning Star Apocalypse" o primeiro de três capítulos e como já foi mencionado anteriormente, já estamos em composição para o segundo capitulo que será o Pós Apocalipse, vamos ver o que acontece aos sobreviventes e à própria banda (risos)!!  


PDM – Na vossa opinião, o que acham que causa desmotivação nas bandas nacionais ao ponto de, em alguns casos, as levarem à extinção?
Bola - Para mim, trata-se de algo normal no processo criativo. As pessoas mudam, as dificuldades aumentam e as incompatibilizes também e naturalmente dão-se rupturas. Depois, a falta de apoios e a necessidade de sobreviver levam as pessoas a afastar-se das artes e a concentrarem-se mais no seu dia-a-dia, com menos tempo para se melhorarem como artistas, a progressão é mais lenta e desanimadora.  


PDM – Para terminar esta entrevista e como já é hábito, gostaríamos que deixassem também uma mensagem para os nosso estimados leitores da Pedra de Metal.
Bola - Desde já agradeço a todos pelo gosto pelas artes extremas, espero que a nossa sonoridade vos traga um momento de prazer e contemplação, e que um dia nos possamos encontrar por um destes palcos e beber uma fresquinha na festa que é o Metal.
Slade - A única maneira de todos nós sobrevivermos no nosso buraco que é Portugal e nos mantermos unidos, sejam as bandas seja o publico! A frase já está mais gasta mas a verdade é mesmo essa "unidos nos erguemos, divididos cairemos", deixem-se de desculpas e de rivalidades e apareçam nos concertos e apoiem o que é feito por cá, é a única maneira de o movimento crescer!!

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