Pedra de Metal

domingo, 16 de maio de 2010

PEDRAGULHO - Helfahrt: Drifa

Antes de dizer algo sobre este disco, tenho de me confessar. Adoro aquelas bandas que usam o black metal como influência principal e o moldam de tal maneira que essa sonoridade se expande sem nunca deixarmos de sentir a influência primordial deste metal mais negro.
Esta banda alemã é claramente mais uma prova que a Alemanha, depois de anos a produzir black metal mais derivativo e pouco original, é hoje uma fonte de boas bandas como os Secrets Of The Moon, Farsot ou Dark Fortress. Quando vemos estas tonalidades melódicas a serem misturadas com o black metal mais agreste, não podemos deixar de pensar que já ouvimos todas estas ideias algures nos discos de Taake, por exemplo, mas devido a esta produção superior, de teor muito orgânico e muito bem captada, é impossível não esboçar um sorriso quando a banda entra em modo blast e o alterna com um tempo mais rockeiro, absolutamente contagiante. Deve referir-se ainda o trabalho da secção rítmica, que nos faz recordar a Noruega dos longínquos anos ’90, com aquele baixo monumental e a bateria hiperactiva que nunca soaria tão bem se fosse em tom mais necro, ao passo que as guitarras e voz bem ao estilo black metal vão pintando o tom acinzentado em que se pinta este álbum, que é esporadicamente abrilhantado pela aparição de um órgão Hammond, com aquele som tão anos ’70, e com guitarras limpas muito ao estilo da onda mais pagã que a banda diz ter.
Algo de que eu gostei, a nível da composição, foi o facto de me trazer à memoria um dos meus álbuns favoritos duma banda, que tal como o Helfahrt, se quiseram demarcar da onda mais evil, trazendo algumas influências mais antigas – a genialidade do álbum “Written In Waters” dos Ved Buens Ende é uma daquelas influências que a banda deve admitir sem vergonhas, dado que lhes vai assentar bem.
Quando vemos álbuns deste género, em que tudo nos remete para tempos passados mas que, ao mesmo tempo, nos remete para o futuro de uma sonoridade, vemos que é possível actualizar um estilo sem o minar, tornando-o mais forte apesar da excessiva inovação não ser a pedra de toque aqui. É portanto um bom álbum, que conto de ouvir mais vezes, dado o imenso prazer que me deu a escutar, sendo das melhores coisinhas que ouvi este ano.
Recomendado a todos aqueles que queram ver black metal sem pinturas e sem tretas, mas com bastante espaço apara a boa musica, venham aqui que não se arrependem!

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