Pedra de Metal

sábado, 28 de novembro de 2009

ENTREVISTA - Antiquus Scriptum

The art of Christophe Szpajdel - MCMXCVIII

Aqui está a primeira de muitas entrevistas para mostrar os projectos nacionais.
Começamos com um projecto especial levado a cabo por Jorge Magalhães, mais conhecido por Sacerdos Magus, que nos mostra no fundo as dificuldades de fazer musica, principalmente mais "pesada" em Portugal, mas que, como quem corre por gosto não cansa, torna-se gratificante ver os seus projectos a crescer.
A entrevista foi realizada por mim, com a colaboração do Bruno DarkMotion.

- Como surgiu a ideia de ter uma one-man-band?
Saudações Paulo! Antes de mais muito obrigado a ti e à Pedra por esta oportunidade que é na prática, a primeira entrevista que dou na lingua mãe...

A ideia de ter uma One Man Band remonta a 1998, quando saí dos então Firstborn Evil (actualmente The Firstborn) e decidi fazer um projecto com base em ideias minhas...

As coisas não corriam bem nos Firtborn Evil, o Bruno Fernandes (vocalista & fundador), "era" um gajo com um feitio vincado, muito autoritário e não me dava margem para compôr temas ou participar na elaboração destes. Eu gostava muito deste projecto, mas comecei-me a cançar deste tipo de situação e de umas criancisses que eram vulgares e desnecessárias no seio da banda!... Saí e comecei Antiquus Scriptum com o baterista Drakonem Drakul a. K. a. Dário Duarte e com o Asmodeus a. K. a. Vitor Mendes, guitarrista actual de Neoplasmah. Ainda andámos uns tempos juntos, mas também não era aquilo que eu queria... O Drakonem Drakul era bom moço, mas era um baterista muito limitado e o Asmodeus tinha cinquenta projectos diferentes e era um gajo muito ausente. Mesmo nesta altura era praticamente eu quem segurava a coisa...

O projecto ficou efectivamente uma One Man Band, quando se aproximou a primeira gravação de estúdio “In Pulverem Reverteris”; eu, para além do baixo e voz, “safava” bem a guitarra e até a bateria real, mas como as possibilidades de ter uma e praticar regularmente a fim de ter um nível suficientemente bom para este projecto eram limitadas, comprei uma caixa de ritmos e decidi entrar em estúdio e fazer tudo sozinho, convidando apenas a participar, o meu antigo companheiro de Firstborn Evil - o teclista Gustavo Vieira; que grava as teclas até aos dias de hoje! O seu irmão Paulo Vieira, também meu amigo e companheiro de Firtborn Evil, ficou e ainda fica, encarregue da gravação e produção / mistura... E foi assim, depois desta experiência percebi que o meu caminho estava iniciado! Passaram-se dez anos e temos estúdio marcado para Janeiro de 2010 nas mesmas circustâncias...

- Varg Vikernes (Burzum) teve alguma influência?
Sim, claro que sim! Mas a principal influência foi Bathory e o seu lider Quorthon! Sempre admirei, mesmo antes de andar metido nestas coisas do Black Metal e One Man Bands, a maneira como ele levou Bathory num percurso solitário e veemente... Na altura para mim, quando se falava de uma One Man Band, o que vinha à cabeça era sempre Bathory! De repente, com a segunda vaga de Black Metal na Europa, virou moda as One Man Bands na Escandinávia, Burzum vem dessa vaga...

O Varg é influência sim, pelo simples facto One Man Band, pois não concordo nem tolero as suas ideias de extrema direita, nem o que ele fez ao Euronymous de Mayhem!!! Gosto muito dos primeiros trabalhos de Burzum, mas a pessoa Varg Vikernes, assim como o fanatismo da Escandinávia nessa altura, diz-me pouco!...

- És apenas um admirador de história ou tens alguma formação académica que te permitiu aprofundar a nivel temático e musical?
Não, claro que não! Sou (orgulhosamente!) Jardineiro de profissão e tenho o 9º ano de escolaridade; estou na escola à noite a tirar o 12º. Sou o verdadeiro amador de história! Amador, porque amo a história e estou sempre a cultivar-me nela e a ler e pesquisar factos e acontecimentos para fazer, ou não, novos temas para o projecto.

A nivél musical sou um autónomo e não tenho também qualquer formação. Sigo as minhas leis neste sentido e crio as minhas próprias regras! Sei fazer todos os acordes numa guitarra por exemplo, mas não tenho a minina ideia de que acorde estou a fazer!... É tudo à base de ouvido e do que soa melhor...

O Gustavo Vieira sim, tem formação musical e o Paulo Vieira sabe umas teorias, mas eu, quem manda são os ouvidos, os dedos e a carola!

- Qual o capítulo da História de Portugal que te vais debruçar para compôr o próximo álbum?
No próximo álbum haverá história, mas não será de Portugal, mas sim sobre uma escaramuça que houve entre os romanos e os cartagineses no século III depois de Cristo.

São dois temas pegados, “The Second Punic War, CCXVIII B. C. - Prologus”, que como o nome indica é sobre este conlito que foi a segunda guerra púnica e “A Hecatombe Of Slaves”, que tem este nome pois no fim do conflito os cartagineses, adivinhando a sua derrota e a ira dos romanos, suicidaram-se em massa dentro das muralhas de Cartago.

Estou a escrever agora uma malha em português que ainda não sairá neste álbum, chamada”Aljubarrota - 1385”, é tipo a “Batalha De Al-Ashbounah...” mas mais medieval ainda...

Temas em português neste próximo terá uma malha chamada “Eu, O Misantropo”, que não é de história mas de sentimentos muito profundos de alguèm... Misantropo, que odeia profundamente a sociedade e vive hostil dentro de um mundo só seu ... E uns interludios de viola clássica com titulos em português.

- O que levou existir uma "pausa" entre 2000 e 2009 em termos de lançamentos?
Bom, a pausa de lançamentos foi entre 2002 e 2007, quando a nacional Nekrogoat Heresy Productions finalmente meteu cá fora a primeira e segunda demos. O projecto sofreu uma pausa entre 2003, quando acabei de compor a maior parte dos temas deste último “Immortalis Factos” e entre 2007, quando os comecei a gravar. Neste interregno de quatro longos anos, estive muito mal de saúde e cheio de problemas... Estive um esgotamento e cheguei a estar internado por causa disso, tudo derivado a uns consumos exagerados que andava a levar... Andei gordo que nem uma baleia, por causa da medicação que tomei todo este tempo e o projecto, ficou em stand by à espera que recuperasse de saúde e que encarilhasse, pois estava sem emprego estável e a minha vida não era mais de um turbilhão de emoções que me tiraram as forças!... Recuperei devagar, tirei o curso de jardinagem que me vai valendo desde então e em 2006, comecei a pegar na guitarra novamente e em temas “antigos”... O Paulo Vieira (Paulão) fez-me uma página no MySpace e o feed back da mesma começou-me a dar forças para voltar com a cena; comecei a ler livros de história e a sentir novamente arrepios na espinha ao ler coisas que davam prefeitamente para temas... E assim foi, quando dei por mim estava novamente em estúdio e tudo o resto começou a aparecer devagar...

- Quais foram as fases mais dificeis e as mais gratificantes por onde este projecto passou?
As mais dificeis acabei de as dizer e a fase mais gratificante até agora é este mesmo presente! As coisas começam a aparecer e lentamente, o projecto começa a sair do buraco e a cativar mais pessoas por esses quatro cantos. Acho que se me aguentar sereno e tiver calma e muita, muita presistência, dias muito melhores virão pois espero acabar numa editora já mais ou menos, que dê aquele empurrão que o projecto precisa! Para isso é necessário uma grande luta da minha parte e como já disse muita calma e presistência!

- Porque decidiste cantar alguns temas em Português?
São daquelas coisas que decidi mesmo antes do projecto começar, mas só pus efectivamente em prática com este “Immortalis Factus”... Por incrivél que pareça, consigo-me exprimir melhor escrevendo em inglês do que em português... Claro que adoro a nossa lingua e de cantar nela e haverão sempre temas futuros em português, mas não nos podemos esquecer que o inglês é a lingua universal! Chega a toda a gente e no Metal, foi a lingua de batismo... E sinseramente só gosto de escrever em português certas malhas, coisas nossas, há assuntos em que o inglês fáz a diferença!

- Tens mais feedback nacional ou internacional?
Internacional pois claro!!! Aqui a malta não dá valor a nada, seja o público em geral, sejam as editoras e entidades! O que eu vejo é dár-se mais valor aos malucos, só porque têm atitudes ousadas, para não dizer dementes e loucas, do que ao que realmente tem essência e valor! Lá fora o feed back e calor humano é muito bom e gratificante, aqui reina a inveja, a estupidez, a insanidade e a falta de respeito por quem luta sobre a bandeira do nosso país... É triste eu falar assim, mas é o que eu vejo por terras lusitanas!!!

- Como gostarias que fosse, na verdade, o concerto de Antiquus Scriptum?
Isso é dificil, pois não pretendo tocar ao vivo... Mas seria com uma banda boa do estilo claro, como Gorgoroth ou Immortal... Fazer a primeira parte dum desses gajos seria bestial! Se fosse lá na terra deles então era um luxo! Mas isso é pura fantasia, caro Paulo!... Acho eu...

- Ao fim de duas demos, um split e um album, lanças um best off, é uma maneira de compilar o melhor dos Antiquus Scriptum, desde 98?
Sim, não fui eu mas duas editoras da Malasia. Eles é que fizeram tudo, escolheram os temas, fizeram o artwork, tudo. Só escolhi a capa e dei o nome à compilação. Quando tive conhecimento dos temas que iriam sair, já a cena estava pronta a ser editada.

- O tema Adamastor, destaca-se no teu myspace, primeiro por ser em portugues, depois pela forma como a musica em si, e a palavra Adamstor se destacam. Será que este não podia ser um caminho que poderias explorar mais?
E vou, caro Paulo! Como já te disse irei sempre fazer temas em português, pricipalmente da história de cá, se bém que a letra de “O Adamastor” não é minha mas de um poema do Luís De Camões nos “Lusiadas”...

“O Adamastor” tem uma forte vertente musical inpirada no Punk e misturada com Black Metal; não sei se é isto que vou fazer muitas vezes mas, malhas em português são uma certeza!


- Para além deste projecto, tens mais alguma banda paralela?
Não, banda não... Fui convidado recentemente a gravar o baixo para o álbum de Martelo Negro, do meu amigo Beyonder (Namek). Não sei como é que isto vai ficar, pois ele tem uma vida atarefada e já não falamos à algum tempo... Na hora de gravar pode optar por uma participação mais acessível, ainda não sei... Banda não tenho mais nenhuma; Antiquus Scriptum preenche-me musicalmente e estou de corpo e alma nisto! Já nem me vejo numa banda!...

- Para finalizar uma mensagem para quem te lê no Pedra de Metal?
Sim, comprem material das bandas que gostam! Saquem as cenas mas comprem um cdzito de vez em quando, uma t-shirt, ou vão aos concertos das bandas que vos cativam!

Apoiem as bandas nacionais, pois elas com já disse, lutam com o brazão português lá fora!

Muito obrigado Paulo por esta exelente oportunidade de exprimir umas ideias, é sempre bom poder contar com pessoal como vocês, que lutam mas infelizmente nunca são reconhecidos... Se percebes o que quero dizer... Grande abraço à equipa da Pedra Do Metal e até breve!

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