Pedra de Metal

terça-feira, 19 de maio de 2009

Crónica da Pedra - Volume 2


Ora bem, após um pequeno post de apresentação, estou de volta com uma temática bem mais dúbia que a anterior. Quantos desse lado nunca tentaram definir os limites do metal?

Pois bem, eu já o fiz frequentemente no passado e muitos também. Mas agora que falo no assunto, já não o faço à muito tempo, uma vez que a minha perspectiva sobre a musica em geral e o metal em particular foi mudando ao longo do tempo, acompanhando o crescimento pessoal.

Lembro-me extremamente bem que, no período no malfadado “nu metal”, eu era extremamente sectário em relação ao que era ou não era metal – mas convém dizer que não era só em relação ao nu metal mas sim também em relação ao gótico e outras derivações do som sagrado. Nessa altura o que fazia eu? Separava as bandas pelas características que eu definia na minha cabeça como os arquétipos de cada um dos estilos (a voz, a guitarra, o ambiente, enfim, tudo que desse para identificar). Dai que achei-me a meter fronteiras estanques em tudo que era estilo: se a voz era grunhida, tinha de ser death ou doom, se era gritada, seria black, etc etc etc…

Resumindo e concluindo, tanto trabalho para nada. No fundo, eu apenas estava a exercer uma característica inata do ser humano em geral: a categorização, para melhor organizar toda a informação – no advento do mp3, começou a enxurrada de bandas e álbuns que se fazia à imagem do tape trading mas de uma forma incomensuravelmente grande, no quais se trocavam dezenas de CD’s cheios de álbuns, tudo pelo prazer da descoberta!  Ora pois bem, pelo meio de tantas trocas, apareceu um álbum que, apesar de não ser muito conhecido, me atraiu como um íman gigante. A banda era os Ulver e o álbum era ''Themes from William Blake's The Marriage of Heaven and Hell'' – uma colossal obra de 2 CD’s, nos quais a fina nata do Black metal norueguês (que eu tanto idolatrava) se dedicava a fazer um som próximo do industrial e do electrónico, com pouco ou nada de metal. Apesar de tudo, ao ouvir esse álbum não me senti chocado de todo, pois a sua profunda musicalidade, aliada aos belíssimos poemas de William Blake, era arrebatadora, levando-me a questionar se estaria correcto em relação a tanto racismo musical.

Obviamente que a musica em mim venceu o metaleiro empedernido e fez-me abrir os olhos a tantas outras coisas que o mundo do metal começava a dar nessa altura e que de metal tinha pouco ou nada! Ouvi o álbum “34,788% Complete” dos My Dying Bride e finalmente achei estupendo, pois entendi o que queriam eles fazer; Ouvi o 666 International dos DHG e vi nele um dos álbuns da minha vida, com todo o ambiente industrial e electrónico para o qual abri o meu coração, com a violência a ser misturada com classe com ambientes planantes, pianos belíssimos e vozes absolutamente originais. Quero com isto dizer que não nos devemos limitar ao convencional, ao estandardizado pelos outros, devendo ser sempre nós mesmos a descobrir os limites da nossa musicalidade e da nossa personalidade.

Devemos, portanto, abraçar a diferença e acolher nela o que nos agrada. Quem sabe se o mais duro dos metaleiros não se derrete com as baladas dos X-Japan?

12 comentários:

Paulo Eiras disse...

Um post polemico, esperamos a opinião de todos :)

Eu disse...

isto é muito técnico para mim...

Mas o METAL tem que evoluir a par do desenvolvimento de outras tendências ...

Marco Simões disse...

é nada técnico. queres perceber apenas vais ouvir os álbuns que citei para perceber :)

Anónimo disse...

CONCOEDO

Isis Báthory disse...

Gostei imenso de ler...
Relembro também que musica "gótica" NÃO existe, é errado bater nessa "tecla", simplesmente não existe...
Mas sim, é totalmente errado haver o dito "racismo" em termos musicais...
Aprendi isto com Lacrimosa...

Marco de Oliveira disse...

Marco, mais uma vez te digo, concordo com o que escreveste.



Já ri aqui com um comentário... LOL

;)

Marco Simões disse...

@ Isis
Exactamente por isso é que citei esse exemplo e o do nu metal. No caso da musica dita gotica, estamos a meter tudo desde post-punk, cold wave, no wave, gothic rock, gothic metal, dark ambient, neo romanticos etc etc tudo no mesmo saco! COm o nu metal a mesma porcaria, sempre a misturarem bandas de pop, rock, hardcore e metal, tudo no mesmo saco!
Mas olha, desde que tenhas o teu gosto, isso
é que interessa!

Marco de Oliveira disse...

Então ha muita coisa que não existe..

Marco Simões disse...

@ Marco
Bruxo :P
Inventaste a polvora rapaz! :P as labels de muitos estilos musicais são inventados por jornalistas!

Marco de Oliveira disse...

Eu sei.
Tudo tem de ter um nome para podermos falar melhor das coisas. Eu até vivo bem com os rótulos. ;)

Marco Simões disse...

Eu também :P

Cláudia disse...

gostei de ler..... parabéns, fico à espera dos próximos "volumes"....

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